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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Roda Gigante, filme de Woody Allen





Já fazia algum tempo que eu não sentia mais tesão em ver os filmes anuais do Woody Allen, aqueles com verbas/patrocínios para mostrar cidades pelo mundo, que mais pareciam um longo e pueril anúncio de turismo. Que bom que o diretor voltou ao seu “reduto” existencial para mostrar cenas do cotidiano. É como se o cineasta reencontrasse suas lentes dos tempos de Mia Farrow, a atriz e ex-mulher dele que dizem ser muito temperamental e problemática. Ótimo que seja uma pessoa temperamental e problemática, pois essas são bem mais interessantes e inspiradoras que as pessoas “normais”. 

Neste novo filme, embora Allen cite nas falas o dramaturgo Eugene O’Neill (sempre cita vários criadores em seus filmes), vi mais outro grande autor em Roda Gigante: Tennessee Williams... nas relíquias de um suposto passado de glória e no delírio etílico da garçonete/dona de casa entediada e adúltera, personagem interpretada pela sempre competente Kate Winslet. Isso me lembrou muito a conturbada Blanche DuBois, da peça Um bonde chamado desejo, do Williams. Os demais atores estavam, como sempre, bem dirigidos por Woddy Allen. 

Vibrei com as discussões realistas e a dramaticidade pungente do filme. 

Assim como na vida real, não há um final feliz em Roda Gigante, porque não existe mesmo final (feliz ou infeliz) na vida das pessoas. Vida é como esse brinquedo dos parques: uma hora põe a gente lá no topo, depois faz quase arrastar os pés no chão. E volta a subir... Mas quem quiser, pode descer ou pular da roda em movimento. Cada um que decida por si a sua hora de parar de “brincar”. Mas a roda, como se nada tivesse acontecido, continuará em movimento. Claro que queremos (ou precisamos) acreditar que tudo vai parar quando descermos... Só que nada vai parar, não. Nem deve. A roda gigante da vida dos outros continuará girando. E o esquecimento se encarregará do resto.  


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