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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Malandragem em tempos de crise






Pois é, a coisa anda feia pra todos. Cada um se vira do jeito que pode. 

Como sabem, sou pedestre convicto. Detesto dirigir. Gosto de ver tudo de perto nas ruas, no ônibus, no metrô... E ontem, indo para a minha querida dentista, no meio do caminho, na fachada de uma casa de garotas de programa, li e fiquei maravilhado com o seguinte cartaz: 

“Promoção especial: onde come um, comem dois!”  

Em outra ocasião, no mesmo lugar, um rapaz da portaria, alto e musculoso, já havia me segurado levemente pelo braço para sussurrar no meu ouvido:

“Patrãozinho, pode entrar! Hoje as minas estão pegando fogo!”


Achando graça daquilo, rebati:


“Obrigado, mas o que elas fazem aí, aprenderam comigo... e acho que ainda consigo fazer melhor que elas!”


Ele arregalou os olhos, surpreso. Depois piscou maliciosamente pra mim e disse:


“Opa! Agora fiquei curioso! Entra aqui, rapaz, vamos trocar uma ideia. A cerveja é por sua conta, mas o prazer eu garanto... Aqui, o cliente manda... e a gente obedece!”


Acenei para ele e saí dali rindo alto. Essas “urbanidades” me estimulam mais que qualquer livro. É disso que vou colhendo material para a minha ficção. O resto (o convencional, a rotina do dia a dia...) me dá tédio. Arte não tem cabresto, surge dessa “desconstrução” do óbvio. Alguns nascem com esse olhar inquieto, outros não.



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