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domingo, 4 de setembro de 2016

Apenas uma opinião...



Fui ver Aquarius. O filme é quase um tributo à atriz Sônia Braga (que está mais uma vez totalmente entregue em cena e se "atreve" a desconstruir a própria imagem de "símbolo sexual", aparecendo sem maquiagem e com um dos seios mutilado pelo câncer). Ela, como eu já disse em outra postagem, "é" da lente de cinema, sem dúvida. Não filma, faz amor com a câmera e anda solta pelos cenários... com a desenvoltura de alguém que mostra a casa para os amigos. Algo que não se aprende: a pessoa tem ou não tem. Pode até ser excelente artista de teatro e/ou televisão, mas se não tem essa intimidade com a telona, dançará. 
No entanto, na minha opinião, a história não se segura. Há ótimos diálogos soltos em uma trama que não se sustenta dramaticamente. 
Assuntos (bons temas, sim, como a solidão na velhice, falta de comunicação com os filhos, a rejeição por causa das profundas cicatrizes deixadas pelo câncer de mama feminino, entre outras questões importantes e bem atuais) são jogados à plateia. Porém o "acaso" (como num passe de mágica) surge para tentar arrematar todo aquele interessante chuleio. Uma bela colcha de retalhos, mas apenas alinhavada. 
Se concorrer ao tão cobiçado Oscar (cujo motivo, sinceramente, desconheço... ou não consigo entender) vejo que teria um pró e dois contras: como o prêmio possui (sempre foi assim) um forte viés político, pode ser que consiga algum destaque por lá; mas por ter cenas que estadunidense em geral não tolera (hipocritamente, claro... como homens com pênis eretos, mulher liberada que contrata um amante profissional) e não segue um padrão acadêmico de cinema (bastante apreciado em Hollywood), talvez nem seja selecionado para a disputa. 
De qualquer maneira, é um filme que deve ser visto, porque apresenta um impactante retrato do (difícil) empoderamento feminino. Em tempos de misoginia disfarçada do que chamo de "carinhos cruéis", mulheres em várias partes do planeta (depois da chamada revolução sexual, dos avanços do feminismo etc.) voltam a ser relegadas ao papel de "belas, recatadas e do lar". E o que é pior: com o "aval" das próprias mulheres! Portanto, fica a dica. Sim, porque talvez o diretor tenha mantido de propósito esse "alinhavado"... para que cada um na plateia termine a costura do jeito que puder. Ou, no mínimo, saia dali bastante tocado pelo filme. Repito: quem puder fazer esse dever de casa, óbvio. Os mais, digamos, "apressadinhos" simplesmente dirão: "Nossa, que filme chato e como essa mulher está acabada!"
  

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